sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Dicas de livros de autores cametaenses.



Ao lado do professor, escritor e presidente da Academia de Letras de Cametá João Batista (meu pai).

Você já leu a obra de algum autor cametaense?
Se sua resposta for "não" ou se faz tempo que você não lê, então neste post você vai conhecer dois livros de João Batista Pantoja Pereira, um autor cametaense incrível. O primeiro é de poemas e o segundo é de literatura de cordel. Além de uma leitura prazerosa para você, essas obras podem ser trabalhadas em sala de aula por sua natureza crítica e que mostram muito sobre a região. 
O primeiro livro chama-se "Aturiá", trata-se de uma obra com poemas sobre nossa região e de diferentes temas como: amor, família, religião, natureza entre outros.

Ressalto que em alguns poemas é enaltecida nossa cidade como, por exemplo, no poema de mesmo nome "Cametá". A seguir um pequeno trecho:

"Fica muito mais formosa
Quando o Tocantins
Está caudaloso
A te contemplar
Sem atormentar com as erosões
O cais que protege
As belezas da rainha
Do Tocantins a fervilhar de espumas
Das violentas correntezas."

De origem ribeirinha, o autor nascido na localidade de Cuxipiarí-Carmo, relata em seus poemas sobre religião, é possível no trecho de "Fé", observarmos como essas manifestações se davam  (e ainda se dão) nessas comunidades:

"Quase que sempre,
A presença de um santo
No rio em que eu morava,
A minha fé despertava.

A contribuição era ofertada
Em moeda corrente, 
Aves,
Perfumes,
Alimentos."

Alguns poemas são de críticas ao cenário econômico e político local antigo e atual, o que nos remete a ideia de que não somente de belezas naturais, culturais vive nossa cidade. Também existem trechos que podem ser trabalhados em sala de aula por alunos de ensino fundamental e médio, revelando muito sobre o cotidiano da vida ribeirinha.
O autor João Batista, também é Presidente da Academia de Letras Cametaense, que este ano foi homenageada pela Escola Amor e Samba no desfile das Escolas de Samba. 

Outra de suas obras que valorizam a cultura cametaense chama-se "Literatura de Cordel, o Ribeirinho no passado e nos dias atuais". 



Em trechos da obra pode-se observar o cenário cametaense e as diversas fases da vida de um típico morador da região ribeirinha de Cametá com muito humor e crítica, a seguir alguns trechos que eu destaco para vocês:

 "A vida do ribeirinho
é como uma roseira,
hora enfrenta espinho, 
hora não tem, nem beira e nem eira.

(...)Lhe digo que este menino já assuletra até cantando.
Eu não tô compadre brincando 
Ele tem um bom tino
Aprendeu sozinho, tudo direitinho

Ele aprendeu a fala filho da puta
é o que mais da boca dele se escuta
É um cara que dá nó em vento, se bobar até em redemoinho.
Um dia desses falei que ele é ligeiro igual ao seu padrinho."

Neste trecho a seguir, podemos observar a crítica ao cenário político local:
"O político sem contar até três
Dispara só de uma vez,
Compadre, eu já sabia que seu filho iria lecionar,
desde quando em mim começou a votar

(...) Compadre, esse negócio de lecionar no interior,
de cara já é um grande favor,
tanto de professor,
quanto do político que lhe indicou.

Embora seja meio do ano
Ninguém mais está contratando,
Mas sei o que vocês estão passando,
Vou contratá-lo e, em mim, continue votando.

Era assim como tudo funcionava 
O ribeirinho ali continuava
Seu filho logo empregava
O filho dos outros fingia que estudava
E o professor dizia que ensinava.

(...) Aos filhos da palafita, 
era ensinar a matemática maldita,
o português da francesa erudita
e o decoreba da ciência,
sem nenhuma experiência."

Alguma semelhança com a política atual? Pois é, rico em críticas essa obra curta, porém de suma importância encontramos também as mudanças ambientais e sociais que podem ser interpretadas e estudas em sala com os alunos. Curtiu? Logo mais tem dica de outros livros de autores cametaenses aqui  no blog. Não percam!

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